Olhava o céu sobre o chão da minha varanda Tantos ais de espaços a vagar sobre o meu corpo tantas carnes ardidas a serem veledas, tanto sentir Eu era um tanto de tantas coisas que nenhuma estrela haveria de contar-me. Consenti, pois, com o céu que ouviria do seu silêncio somente as coisas de amor do mundo. Ele respondeu-me com o vento arrastou meus cabelos pelo chão despiu-me e sussurou numa nota uníssona AME.
As horas da madrugada Como são traiçoeiras esperam por você na hora mais dispersa e rapta tu de tu mesma uma espiã sedenta rouba-lhe as últimas gotas d`água e grava-lhe tudo e repete tudo como num gravador Quero-te aqui nessas madrugadas de insônia assim não precisaria transar a lua, a noite transaria os sentidos e ouviria vozes ao pé do ouvido me dizendo segredos indecentes que só se dizem nessas madrugadas.
É orgânico dizer-lhe do meu amor todo o tempo. por vezes seca meu ser, de uma sede que não cessa que não há bocas, mãos outros amores que baste para encharcar meu corpo. ele me assusta, de tão imenso bem maior que o meu humano e esse gigante me olha e eu tenho medo sim, por vezes eu tenho medo porque ele quer me dominar, ele me domina com tuas sedas e lâminas e me rasga ele me dói também quando não tenho teus braços pra me acolher e me soprar somente as coisas belas. ele finge que não sabe que não tenho muletas para sustentar meu peso e ele enfraquece minha duas únicas pernas confunde meus horizontes e eu ando perdida como uma bêbada sem lar, sem rumo. Por horas chego a pensar que sou frágil demais para o amor porque não cabe em mim ele me cega e me arrasta pra cantos nunca antes existentes. e só agora eu sei, pois só agora eu sinto mesmo o que é amar mas é ele quem desperta meu corpo, acende minha alma, dá sentido a minha vida sim, minha sina é morrer de amor, por amor, só por ele. eu sei morrerei amando.
A outra dizia-se plena e íntegra
e zombava desta, fragmentada
descortinada e por isso quente
fugia da nudez pulsante
que outrora trazia à mostra
passou a relatar os fatos que remetiam ao imenso flácido verso da pele
viu esta, arrancava-lhe vorazmente a roupa
fodia-lhe, arrombando sem dó os orifícios frágeis
gozando seco em tua própria face.
Sangrava por inteiro, não mais íntegra e plena
curvou-se, pois, sobre a cama
apoiada por aquela
que tirava a própria roupa do corpo para acalantar tua dor
quem cobria-lhe agora era teu espelho
Amo-te tanto, meu amor ... não cante O humano coração com mais verdade Amo-te como amigo e como amante Numa sempre diversa realidade.
Amo-te afim, de um calmo amor prestante E te amo além, presente na saudade. Amo-te, enfim, com grande liberdade Dentro da eternidade e a cada instante.
Amo-te como um bicho, simplesmente De um amor sem mistério e sem virtude Com um desejo maciço e permanente.
E de te amar assim, muito e amiúde É que um dia em teu corpo de repente Hei de morrer de amar mais do que pude.
Tuas mãos que me calaram gritos marginais tocaram-me o céu, fazendo saltar meu calor subterrâneo que acariciou meus cabelos grossos e fingidos minha pele negra por amor agora fogem como ladras cínicas depois de esvaziado o lar mas com elas, escreve volto e recupero tudo.
Por vezes quero lhe dar o mundo,
tenho vontade de aguar se não posso alcançar teus pés.
Meu eu está frente a ti,
E peço a todo momento que não feche os olhos.
Quando nessas noites
que adentram cruéis
nos arrancam véus
que no céu vaporizam
tão superficiais e rotineiros
sob a noiva circular
tira-nos o lençol que encobre
a beleza que outrora recolheu um amor
as luzes frente o espelho
e o espelho à fronte
em meio ao turbilhão de idéias
que somem
se despedaçam por completo
o chão rejeita
como rejeita os meus grossos e longos fios de cabelo
tão condicionados, anos e anos
depois tudo despido
sopros ao pé do ouvido
um arsenal primo
raspando-me ao som crispante da noite
frente e verso
bem mais verso que frente
caida
aos pés da minha própria sombra
que não me diz nada
além do meu próprio vazio.